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Manual de contabilidade, essencial para as empresas

Embora a Lei nº 11.638/2007 determine que as empresas brasileiras de capital aberto elaborem seus demonstrativos financeiro

Autor: Marco Antonio Papini

Embora a Lei nº 11.638/2007 determine que as empresas brasileiras de capital aberto elaborem seus demonstrativos financeiros seguindo as normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards), a maioria das companhias - inclusive de capital fechado - ainda não captou a essência dessas regras.

Pior, muitas delas começaram a criticar as IFRS injustamente, tentando convencer o mercado sobre a influência dessas mudanças nos custos operacionais com softwares e treinamento de pessoal, além da consequente majoração dos honorários contábeis.

Na prática, são as empresas que definem seus procedimentos neste campo. Aquelas com receita de até R$ 300 milhões por ano, por exemplo, têm flexibilidade para escolher entre as normas IFRS completas (full) e o pronunciamento contábil (CPC) para pequenas e médias empresas. Para um país construído sob uma cultura corporativa mais fiscalista do que analítica, este é um grande desafio.

Ambas as modalidades, contudo, têm o objetivo de melhorar o processo contábil das empresas, ajudando-as a redefinir determinadas atitudes administrativas, como a produção de um plano de contas no mínimo coerente e aplicável às características próprias do negócio.

Paralelamente, é fundamental a adoção de um manual de contabilidade próprio, importante documento no qual a organização definirá suas políticas e tomará diversas decisões estratégicas, baseando-se na análise de indicadores como estoques, salários, compras e vendas, contas a pagar e a receber.

Trata-se de uma ferramenta essencial, pois cria regras básicas para cada atividade desempenhada, a partir de informações precisas sobre o tamanho e a complexidade de uma operação. O sucesso de sua implementação, entretanto, depende de uma série de fatores, como a montagem de um organograma e de um cronograma de fechamento contábil.

O primeiro é um esquema criado para definir quem manda e quem executa as tarefas dentro da organização. Conhecer a hierarquia e seu funcionamento torna mais fácil a gestão dos negócios. O segundo traz uma lista de processos e as datas-limite para a sua realização.  Com base nessas informações, o contador e o administrador da empresa podem “falar a mesma língua” no momento de tomar decisões.

Os modelos destes procedimentos, assim como a assiduidade de suas práticas, devem fazer parte do escopo do manual de contabilidade. São eles que ajudarão a estabelecer relatórios-padrão e políticas eficientes de monitoramento das atividades.

A partir disso torna-se possível analisar, por exemplo, indicadores como o impacto da perda ou ganho de um cliente ou de um estoque sem movimentação durante determinado período e a realização de receita, bem como sua distribuição entre os diversos departamentos.

Iniciada tal empreitada, não será surpresa se os balanços contábeis, ao final de cada ano fiscal, apontarem ganho de tempo e diminuição de custos na produção; melhor direcionamento de investimentos; maior ganho de produtividade por empregado e, mais adiante, um lucro igualmente superior.

Se a alta administração da empresa seguir este roteiro e adotar o manual de contabilidade, além de manter uma comunicação mais eficiente com seu contador, certamente melhorará profundamente a qualidade das informações contábeis e financeiras que enviará aos seus stakeholders, sejam eles os demais gestores, acionistas, autoridades tributárias ou a própria sociedade.

Marco Antonio Papini é sócio-diretor da MAP Auditores Independentes, uma associada à CPAAI.